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quarta-feira, 4 de julho de 2012

Brejo paraibano atrai turistas pela interatividade

 Turismo de experiência incrementa economia local e oferece novos roteiros e sensações a quem visita as cidades
 Vivenciar o dia a dia da cidade, fazer parte da cultura e da gastronomia local. Os turistas que visitam a região do Brejo paraibano podem experimentar algumas sensações e roteiros que contemplam essa interatividade. O novo nicho do setor, o chamado turismo de experiência, estimula os empresários locais a inovar e incrementar os roteiros e passeios pela região. Esse novo mercado incrementa a economia local, gerando emprego e renda às populações dos municípios, aumenta a divulgação da cultura e tradição da região, além de oferecer novas oportunidades a quem visita à Paraíba.



“Iniciamos a estruturação do turismo de experiência pelo Brejo, nas cidades de Areia e Bananeiras. Vamos ainda estender as ações para João Pessoa e outros municípios do litoral. Um dado importante é que a produção local, que gera negócios para a região, estará associada ao turismo”, destacou a gestora de Turismo do Sebrae Paraíba, Regina Amorim. O turismo de experiência recebe apoio do Ministério do Turismo e do Sebrae.

Nas cidades de Areia e Bananeiras, que ficam a cerca de 120 km de João Pessoa, micro e pequenos empresários já estão investindo nesse tipo de turismo. Segundo Regina Amorim, o Sebrae identificou em Areia 30 atividades criativas e, em Bananeiras, 17. Essas atividades estão ligadas ao turismo e envolvem gastronomia, artesanato, hospedagem, música, dentre outros.

Em março deste ano, os consultores em turismo Míriam Rocha e José Carlos Almeida, da Associação de Cultura Gerais (MG), em parceria com o Sebrae Paraíba capacitaram empreendedores do Brejo para que eles implementem ações inovadoras em seus negócios. Segundo Míriam, a criação de estratégias, captação de recursos e melhoria no atendimento ao cliente são elementos fundamentais para fazer crescer o próprio negócio e fidelizar o turista. “Na economia criativa é fundamental valorizar o talento e a vocação local. É essa vivência que o turista irá querer experimentar”, explicou Míriam.

A doceira Esther Vilar, que produz mais de 70 tipos de doces, no engenho Laranjeiras, em Areia, vai propiciar ao turista a experiência de ver o produto sendo feito, sentir o cheiro e até mexer o tacho. Na Casa do Doce, que Esther está concluindo nesse mês de junho, o visitante terá todas essas sensações, poderá comer o doce no local e ainda levá-lo para sua cidade. Todas as receitas são de Esther e de sua família, feitas artesanalmente, no fogão a lenha. “Não uso conservantes, nem apresso o cozimento. Faço o doce como nossas avós faziam e por isso ele é tão gostoso”, disse a doceira.

A empresária Sueli Maia também iniciou o seu empreendimento a partir de um ofício que praticava desde os sete anos de idade, o artesanato. Há mais de vinte anos, no entanto, deixou sua vocação de lado e foi ser professora em João Pessoa. Mas ano passado, voltou a sua cidade natal, Areia, e recentemente inaugurou o “Café com Retalhos” e o “Ateliê da Salyla”.

Com o seu talento e as dicas dos consultores de Minas Gerais, Sueli oferece serviços e produtos diferenciados. Quem visita o ateliê pode sair de lá com o souvenir produzido por ele mesmo. A artesã, além de vendar as mais de 80 peças diferentes que produz com retalhos, oferece uma oficina de artesanato aos turistas e ensina como faz sua arte. O turista, além de vivenciar o trabalho artístico, pode degustar os cafés, bolos e doces produzidos a partir do livro de receitas da avó de Sueli. “Buscamos nossas raízes, aperfeiçoamos e oferecemos aos nossos clientes um produto diferenciado, apesar de ser simples”, disse a empreendedora.

Produção associada e “pousada boutique”
Os biscoitos e tortas oferecidos no “Café com Retalhos” são produzidos por outra empreendedora, irmã de Sueli. Além de serem servidos no local, podem ser comprados para serem levados para casa. No café, também há quadros expostos de um artista local, que estão à venda. “Esse é um excelente exemplo da produção associada, que contribui para o desenvolvimento econômico da cidade”, disse Míriam, explicando que um empreendedor divulga os produtos dos demais, gerando uma cadeia de turismo associado à produção.

Na pousada Vila Real, em Areia, os conceitos de economia criativa, produção associada e turismo de experiência também estão visíveis. Lá ainda há mais um novo nicho de mercado, a “pousada boutique”. Inaugurada há pouco mais de um ano, a pousada expõe em suas dependências obras de arte, móveis e objetos que podem ser comprados pelos visitantes. “Existem poucas pousadas com esse conceito no Brasil. A maioria delas em São Paulo e Minas Gerais. Acredito que esta seja a primeira do Nordeste. Mas para estar inserida nesse contexto há um perfil a ser seguido”, disse Míriam Rocha.

O proprietário, Leonaldo Andrade, explica que uma “pousada boutique” precisa ter decoração e atendimento personalizados, possuir menos de 50 apartamentos, trabalhar com a inclusão social e serviços diferenciados integrados à região. Ou seja, a pousada precisa ter uma identificação com o local em que está inserida, resgatando sua história e cultura. Onde hoje é a pousada funcionou um seminário inicial de padres, que foi restaurado, preservando a arquitetura original. Em sua decoração, foram usados os ladrilhos hidráulicos (revestimento ecologicamente correto, fabricado artesanalmente) que faziam parte das casas antigas de Areia. Os móveis são de madeira de demolição e integrados à natureza.
“Oferecendo a nossos hóspedes o turismo de experiência, de vivência. Ao chegarem na pousada, eles são recebidos por duas jovens musicistas tocando violino. Ao final da apresentação, elas se dispõe a ensinar aos turistas tocarem o instrumento”, diz Leonaldo. Na pousada também há um artista desenhando em grafite. O turista pode fazer uma foto da cidade, por exemplo, e levar para o artista retratá-la em desenho. “O desenhista também deixa o turista à vontade para fazer o desenho junto com ele”, completa Leonaldo Andrade.

Conhecendo os engenhos
Os engenhos são um dos atrativos da região do Brejo paraibano. A região já chegou a possuir mais de 800 engenhos, no século XIX. Hoje, menos de 10% destes ainda estão na ativa. No entanto, alguns estão preservados e fazem parte do roteiro turístico da região, como o Museu da Cachaça e Rapadura, no campus de Areia da Universidade Federal da Paraíba.

O engenho Triunfo, em Areia, faz parte de mais um roteiro turístico diferenciado. Funcionando há cerca de seis anos, o engenho vende hoje em torno de 250 mil garrafas de cachaça por mês. Mais do que produzir e vender cachaça, a proprietária do engenho, Maria Júlia Albuquerque investe no turismo, com ações criativas, inovadoras e rentáveis. Ao receber os turistas, ela mostra o funcionamento do engenho e oferece uma degustação de cachaça com frutas da estação e de outros produtos agregados, como o sorvete de cachaça.

“Esse não é um engenho tradicional. Ele nasceu de um sonho da nossa família”, diz Maria Júlia ao receber os turistas e conta a história de empreendedorismo, dificuldades e sucesso por que passou. Depois, mostra as ações sustentáveis do engenho, como o reuso da água usada no processo de produção da cachaça e o reaproveitamento do bagaço da cana. Por fim, convida os visitantes a um aconchegante espaço para degustação e compra de produtos associados. Além de vender diversos tipos de cachaça, são vendidos copos, artesanato e o doce de Esther Vilar, do engenho Laranjeiras. Mais um exemplo de produção associada ao turismo, economia criativa e inovação.

Agência Sebrae

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